A Prefeitura retomou a obras do Parque Municipal Jardim Primavera, na Vila Jacuí, região de São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo. A construção havia parado porque, segundo a Prefeitura, o projeto do parque precisou passar por readequação. Uma parte da estrutura de quiosques teve de ser realocada por estar avançando nas margens de uma nascente que desemboca no Rio Jacuí e é Área de Proteção Ambiental. Os quiosques foram transferidos de lugar e deverão ser construídos na segunda fase do projeto.

“O projeto foi readequado na parte dos quiosques – o número foi diminuído para não interferir na Área de Proteção Permanente (APP), já que o parque está localizado em um perímetro que contempla cerca de 37 mil m² de APP”, afirmou a Prefeitura em nota.

A comunidade local está ansiosa pela abertura do parque e chegou a organizar um protesto na Subprefeitura de São Miguel Paulista. “É uma luta de mais de 30 anos. A região terá um espaço de lazer. Agora estamos aguardando quando ficarão prontas as obras. Antes da paralisação, a data era setembro”, afirmou o jornalista Sylvio Sena, de 59 anos, presidente do Clube da Comunidade Pedro Nunes, entidade que congrega diversas associações de bairro da região.

Segundo a Prefeitura, a área total do parque chegará a 122 mil m² de bosques de eucaliptos e descampados, mas a primeira fase do Primavera terá construções em 14 mil m² e deve ser entregue em setembro.

De início, estão sendo implantados o acesso principal, com guarita, a sede administrativa, um centro de educação ambiental, quatro quiosques, iluminação, playground e bicicletário, além do projeto paisagístico.

Vergonha /Aterro sanitário que funcionou até 1988, o Parque Primavera é um antigo desejo da população dos bairros do entorno. “Na época do aterro era um sofrimento enorme. Tínhamos vergonha de receber visitas por causa do mau cheiro”, disse a dona de casa Fernandinha Fernandes da Silva, de 65 anos, moradora do bairro há 30. “Agora a vergonha virou orgulho. O parque está ficando maravilhoso e vai valorizar a região”, falou.

Seus netos, Luiz Fernandes Filho, de 10 anos, e Leonardo Fernandes da Silva, de 7, também estão contentes com a nova opção de lazer, que fica em frente à casa onde moram. Porém, têm uma exigência. “Queremos uma pista de skate”, disse Luiz. “Senão vou reclamar com o prefeito”, ameaçou.

O comerciante João Batista Gonçalves, de 61 anos, mora na região desde 1982 e assistiu à transformação do lixão. “Meus filhos foram criados com esse mau cheiro. Agora, ao menos, vou poder levar meus netos para passear no mesmo lugar, só que completamente diferente”, afirmou. Para ele, o local tem um atrativo a mais. “Vê os pés de mexerica ali dentro do parque? Eu plantei há 20 anos”, falou.

Atraso nas obras provocou protesto da população junto à subprefeitura para que retomasse construção

Parque Primavera ocupa área do antigo Aterro Jacuí
O Parque Municipal Jardim Primavera fica onde já foi o aterro sanitário Jacuí, que funcionou no local de 1979 até 1988, quando atingiu capacidade máxima e foi fechado. Antes, a região já havia sido palco de um desastre ambiental. “Há 50 anos, aqui era um porto de areia, explorado até o esgotamento. A população começou a usar o lugar como lixão. Depois, no buraco que restou, a Prefeitura fez um aterro sanitário”, disse o jornalista Sylvio Pena, morador da região desde 1979. Segundo ele, enquanto o aterro funcionou, houve infiltração de gás nas residências próximas. “O gás metano produzido pelo lixo acumulado começou a formar bolsões e a minar pelo chão e tubulação das casas. Esse gás é inflamável e houve casos de explosões, além do mau cheiro”, contou Sylvio. No parque há nascentes de água que desembocam no Rio Jacuí, o que levou a Prefeitura a transformar o local em Área de Proteção Permanente (APP) em 2001.

R$ 1, 74 milhão é o valor da obra de implantação do Parque Primavera

Fonte: Diário de S. Paulo